"Os olhos demoraram a se acostumar com a iluminação que o sol proporcionava. Precisou piscar repetidas vezes, para que a ardência diminuísse. Ficou ali, admirando a claridade, a beleza dos céus. Era tão bom ver as cores. A claridade. Estava feito.
Apertou a mão daquele estranho homem. Os lábios dele se contraíram em um estranho sorriso. Sorriu de volta, com certeza, mais satisfeito com aquele acontecimento que ele. Soltou a mão do homem que lhe proporcionara a visão. Olhou tudo a sua volta. Cada cor, cada detalhe. Havia nascido cego. Nunca havia imaginado que um dia, enxergaria o mundo.
Procurou o homem para lhe agradecer. Para a sua surpresa, não o viu. Agora havia se lembrado de algo importante. O homem não tinha cobrado nada para lhe proporcionar a visão. Ou tinha?
Sentiu a dor no peito. Sua mão pressionou o seu peito, na altura de seu coração. Seus joelhos perderam a força, obrigando a se curvar. O peito doía. Arfava motivado pela dor. Sentiu então a mão pousar sobre o seu ombro.
- O pagamento é com a vida, mas você aceitou, antes mesmo de lhe dizer como pagar. - Disse o homem, com o estranho sorriso estampado.
Queria gritar, dizer algo. Mas não pôde. A única imagem que teve de seus últimos segundos de vida, fora de um dia bonito. Com nuvens e um sol forte."
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